domingo, 11 de setembro de 2011

Old-fashioned boy


Hoje pela manhã tirei da gaveta a máquina de cortar cabelos. Eu não tenho franja, jamais tive, e hoje, 2011, aos 35 anos, nem se quisesse teria. Meus cabelos caíram, nem de longe lembram aquela foto de 1997, com as pontas cobrindo ombros e orelhas.

Tento soar moderno, mas meu discurso é um pouco antiquado. Talvez em 1989 ele fosse revolucionário. Ou, em 2001, mais combinado com a época. Mas estamos em 2011.

Resisti a jogar as roupas velhas no lixo. Com a máquina de cortar cabelos, aparei do mesmo modo que aparo desde 1998. A minha estante ainda guarda CDs, embora quase todos estejam no iTunes. Olho para o passado e vejo os amores, e os de agora não acontecem.

Digito umas letras e vejo o Brizola. Me emociono. Li um livro de história, lançado há duas semanas, e posso corrigir um capítulo porque estava lá. Outras linhas, escritas enquanto a revolução da última década acontecia, parecem jornal velho. Escrevo num blog e reciclo minhas atualizações. Minha velhice está em repeti-las.

Não sei onde quero chegar com isso. O meu jeito de dançar ainda é estranho, mas parece mais estranho e deslocado se improvisado em um dia de setembro do primeiro ano da segunda década do século 21. Sou um cidadão de outra época. Em breve, disputarei assentos preferencias com cidadãos de mais e menos idade.

Volto ao Brizola. Ele pede um não-rotundo. Estou encerrando hoje o meu ciclo militar. Mas a era do desbunde já passou.